18 abril, 2018

Desvendamos a cervejaria Cozalinda


Foi em 2017 que ouvi falar pela primeira vez da cervejaria Cozalinda, de Floripa (SC), mas como suas cervejas não chegavam em São Paulo, ficava apenas na curiosidade e acompanhando todo movimento pela internet. Dias depois, conversando com o amigo Waldemar Stocco, de Campinas (SP), ele comentou que a distribuidora Data Bier queria participar da festa do All Beers (All Beers Sessions) e mandar um barril de chope da Cozalinda, cervejaria que segundo ele estava se destacando muito em Santa Catarina. Topei na hora e confiei, mesmo sem ter experimentado a cerveja.

Sim, tivemos a Cozalinda Curió no All Beers Sessions 2018 e queremos muito contar novamente com eles na festa de 2019, vamos torcer!

Mas foi em março que a Cozalinda decolou, e foi um dos grandes destaques do Festival Brasileiro da Cerveja 2018, em Blumenau.

Cozalinda comemorando as quatro medalhas que conquistou em Blumenau!

Agora a cervejaria começa a planejar melhor sua produção para ampliar a distribuição e conquistar novos territórios. Dois rótulos premiados em Blumenau chegam nos próximos dias em São Paulo, em lotes limitados, via distribuidora Data Bier, são eles: Cozalinda Praia do Meio e Cozalinda Pedras do Itaguaçu.

Cozalinda Praia do Meio:  Ouro no Brasileiro na categoria Mixed Culture Brett Beer. Uma ale refermentada em barril de carvalho francês (sem influência da cerveja anterior) e primando por uma cerveja que as bretta e as bactérias criem uma acidez balanceada e rica, com funk e um cítrico refrescante. Em segundo plano, notas da madeira, somente para dar complexidade à cerveja.
Carbonatação de leve a média, refermentada na garrafa, e com potencial de guarda.


Cozalinda Pedras do Itaguaçu: A cerveja foi a melhor belgian style lambic em Blumenau. Porém, não se trata de uma cerveja produzida como as cervejas belgas. O processo de produção foi adaptado para produção nas temperaturas brasileira, no intuito que se chegasse em um resultado sensorial aproximado. Utilizando-se de um processo de 3 fermentações distintas, duas em barris de madeira, mas focando na madeira como meio de fermentação para um resultado sensorial específico. Como resultado, aroma lembrando em muito as lambics belgas, mas na boca, uma citricidade adquirida no uso de uma Brettanomyces Bruxelensis brasileira que é fornecida pela Levtec. Envasada sem nenhuma (ou quase nada) carbonatação, busca manter a rusticidade típica das cervejas. Essa cerveja também tem potencial de guarda.


Para entender melhor o mundo da Cozalinda, o All Beers conversou com Diego Simão Rzatki, sócio-fundador, cervejeiro e blendeiro da cervejaria, veja como foi a entrevista:

All Beers - Como surgiu o nome Cozalinda e quando você resolveu criar a cervejaria?
Diego Simão - Cozalinda, para os manezinhos, é aquela expressão que a gente usa quando acontece algo bom. Exemplo: “Figueirense ganha do Corinthians na inauguração da Arena”. Foi algo muito bom jogar água no chope do pessoal. Então a gente queria que, quando a pessoa tomasse nossas cervejas, sentisse algo muito bom, uma felicidade, ou seja, Cozalinda!

All Beers - Qual é o DNA da Cozalinda?
Diego Simão - DNA manezinho, né quiridu! Tudo que a gente faz é buscar conectar nossas cervejas com Floripa. Traduzir o “gostinho de Floripa” em forma líquida.

Sempre quando pensamos em nossas receitas, pensamos: “eu tomaria essa cerveja em Floripa?”. A ideia então é sempre ter cervejas mais refrescantes e que harmonizem com nosso estilo de vida. Pensar em cervejas que vamos tomar na beira da praia, ou comendo um peixe, ou um marisco, ou berbigão, ou com outros frutos dos mar. Mas a ideia é ter cervejas de um lado refrescantes, mas também complexas (ou poderia se falar magia?). Em suma, a gente quer fazer cervejas que se encaixem em Floripa. E pensando em usar, não somente isso como direção na elaboração de cada receita, mas buscando insumos, como leveduras locais, adjuntos locais e por ai vai.

All Beers - Vocês são ciganos, certo?
Diego Simão - Sim, atualmente na Lohn (em Lauro Muller), mas estamos de mudança em 2018 e queremos ter um espaço próprio até fim de 2019 (pode acontecer antes).

All Beers - Tem algum bar ou tasting room?
Diego Simão - Sim, o Coza Bar, na parte continental de Floripa.

Um dos rótulos que chega em São Paulo em lote limitado

All Beers - As sour chegaram com tudo no Brasil, inclusive com a criação da Catharina Sour. Qual a sua opinião sobre o estilo brasileiro?
Diego Simão - Por estar em Floripa (que para mim indubitavelmente é a Capital Nacional da Cerveja Sour), acompanhei de perto o florescimento da Catharina Sour. E, é muito estranho ver toda essa polêmica. Obviamente não é uma Berliner, afinal, o estilo não admite fruta. É uma cerveja que usa (99% das vezes) a técnica de kettle sour e possui um perfil reconhecido pelo público, com uma acidez láctica (não se permitindo no perfil outros ácidos) que é balanceada com a adição de fruta. Tem N fatores que são respeitados por quem usa a nomeclatura. Uma combinação refrescante que é a porta de entrada perfeita para estilos mais complexos, como os que a gente executa. E pra gente isso é importantíssimo.

Agora... Se é, se vai ser, estilo ou não, não sabemos. O que sabemos que ela já desempenhou/desempenha o papel histórico de ser a cerveja que abriu, de forma massiva, as portas para o mundo das ácidas para uma grande quantidade de gente. Já houve outras ácidas. Outras kettle sours com frutas. Mas em nenhum momento, se viu esse coletivo coordenado, com cervejas que obedecem uma norma geral. E fez acontecer. Está sendo significativo. A história é pra quem coloca sua marca de forma de mudar o curso das coisas, a Catharina Sour está fazendo isso.

All Beers - Vocês estão chegando no sudeste agora. Foram uma das grandes atrações de Blumenau! O que podemos esperar da Cozalinda em 2018? Mais festivais e rótulos pela frente? Pretendem chegar em outros estados?
Diego Simão - Negu! Ainda não caiu a ficha com tamanho carinho que a gente tem recebido. Foi surreal, pra gente que é uma marca minúscula, ter tido todo aquele fuzuê no stand em Blumenau e tudo isso continuar, a gente estando aqui no All Beers! É louco!

Bom, além de SP, estamos indo para MG, DF, RS e talvez até CE. Só não estamos indo para mais estados pois, infelizmente, nossa produção é limitadíssima. Mas esperamos, ir paulatinamente, chegando mais longe.

Da Cozalinda vocês podem esperar mais rótulos, com certeza. Vão ser três frentes:
Frutas: Vamos repetir a Macacada (Wild Ale) e vamos produzir mais wilds com fruta. Fruit lambic, fruit sour e por ai vai.
Nosso projeto de sours em madeiras brasileiras vai ser aprimorado e ampliado. Sendo de forma colaborativa ou de forma solo.
E, estamos estudando no Flanders também. Já é um projeto antigo, que com desenvolvimento de técnicas próprias, devem culminar no que desejamos.



Quanto a Festivais já vamos participar do Mondial ai em São Paulo e estamos negociando mais um Festival também em São Paulo até o fim do ano. Tudo, claro, depende de nossa habilidade de ampliar nosso volume, o que para gente, que é minúsculo, é um pouco mais demorado e precisa de mais planejamento. Mas crescendo devagar, a gente vai também com segurança do produto que vamos entregando. Produzir cervejas, para gente, sempre é um jogo de paciência. Mas é muito prazeiroso.

Siga o instagram da Cozalinda: @cozalindafloripa
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...