28 janeiro, 2010

Cerveja liberada para hidratar o corpo?




Boa notícia para os apreciadores de uma boa cerveja. A Universidade de Granada e o Conselho Superior de Investigações Científicas, ambos na Espanha, elegeram a cerveja como a bebida mais eficiente na hidratação do corpo, principalmente após a prática de atividades físicas.
Os pesquisadores espanhóis recrutaram 46 homens saudáveis, com idade entre 20 e 30 anos. Todos praticavam atividade física regularmente.

Eles tiveram de suar a camisa durante 60 minutos correndo em uma esteira sob uma temperatura ambiente de 35 °C em duas avaliações, com intervalo de três semanas entre um e outro.
Concluída a malhação num primeiro momento, os participantes mataram a sede com água na quantidade desejada. Após o intervalo de três semanas e de executarem a mesma série de exercícios sob as mesmas condições, os voluntários se repuseram basicamente com cerveja.

Os cientistas constataram que a cerveja foi capaz de restabelecer as perdas hídricas de maneira tão eficiente quanto a água e, de acordo com eles, sem nenhum prejuízo aparente. Em outras palavras, a cerveja é uma boa maneira de hidratar o organismo, após o exercício físico.

Os cientistas explicam que tal efeito é possível por que uma lata de 356 mililitros tem 326 mililitros de água. Mas é preciso ressaltar que o consumo deve ser moderado.
A bebida é alcoólica e traz prejuízos à saúde. Além disso, o estudo não considerou o ganho calórico com o consumo de cerveja em vez de água.

A recomendação diária, segundo os pesquisadores, é de duas latas para os homens e de uma para as mulheres.

21 janeiro, 2010

Heineken compra FEMSA




A Heineken anunciou a compra da empresa de bebidas Femsa, que detém a marca Kaiser no Brasil.
A empresa holandesa vai comprar 100% das operações da Femsa no México e 83% das operações brasileiras que ainda não pertenciam à Heineken.

A operação teve custo de aproximadamente 5.3 bilhões de euros (US$ 7,6 bilhões).
A Femsa ficará com o equivalente a 20% do controle acionário do grupo Heineken.

Um dos objetivos é lucrar com o mercado brasileiro, o segundo maior do mundo em lucros no setor de cervejas, e acelerar o crescimento da marca Heineken no país e no México, usando a estrutura logística da Femsa.

O negócio deve ser concluído no segundo trimestre e precisa passar pela aprovação de autoridades regulatórias e dos acionistas da Heineken, Heineken Holding e Femsa.

Além da Kaiser, a Femsa detém no Brasil as cervejas Dos Equis, Gold, Xingu, Bavaria, Summer e Sol.

20 janeiro, 2010

Cerveja nas bancas

Ano começa e uma certeza, Guia da Cerveja nas bancas novamente:


Lançado pela editora Casa Dois, são 138 páginas que mostram matérias bem interessantes e também um ótimo guia de degustação, com 367 cervejas degustadas e avaliadas.
O preço é um pouco alto comparado com revistas normais de banca, R$32,90, mas trata-se de um material muito bem feito.

Só mais um comentário, a capa de 2010 está muito mais direcionada aos degustadores de cerveja do que a de 2009 (que também estava bonita, mas um pouco "popular" demais).

***

A revista VIP também trouxe em sua edição de janeiro um guia de cerveja - "A Nova ordem da Cerveja".


Boas leituras sobre nossa bebida prefida!

19 janeiro, 2010

Brasil: Cerveja e malandragem




O Brasil é o quarto maior produtor de cerveja, com pouco mais de 10 bilhões de litros por ano. A China é o maior de todos, com 35 bilhões, e os EUA são o segundo, com 24 bilhões. A Alemanha vem em terceiro, com uma produção apenas 5% maior que a brasileira.

Segundo norma autorregulatória da indústria cervejeira alemã, a cerveja é composta única e exclusivamente por apenas três elementos, cevada, lúpulo e água, tendo como interveniente um fermento. Tradicionalmente, o termo malte designa única e precisamente a cevada germinada.
O malte pode substituir a cevada total ou parcialmente. A malandragem começa aqui. Com frequência, lê-se em rótulos de cervejas a expressão “cereais maltados” ou simplesmente “malte”, dissimulando assim a natureza do ingrediente principal na composição da bebida.

Com a aplicação desse termo a qualquer cereal germinado, a indústria cervejeira pode optar por cereais mais baratos, ocultando essa opção.O poder da indústria cervejeira no Brasil (lobby, tráfico de influência etc.) deve ser imenso.
Basta lembrar que convenceram as autoridades (in)competentes nacionais de que não estavam violentando normas que regulam a formação de monopólios ao agregar Brahma e Antártica - o que constituiria então cerca de 70% do consumo nacional- com o argumento de que só assim poderiam concorrer no mercado globalizado. Mas depois foram gostosamente absorvidas por uma multinacional do ramo, certamente uma forma sutil de realizar a concorrência prometida. E não foi tomada nenhuma providência. Aliás, sempre que aparecia no cenário uma empresa nascente que, pela qualidade, pudesse despertar no brasileiro uma eventual discriminação quanto ao sabor, era ela acuada por todos os meios possíveis e finalmente absorvida, e sua produção, reduzida ao mesmo nível da mediocridade dos produtos das duas gigantes.

Aparentemente, o receio era o de que a população cervejeira, ao ser exposta a diferentes e mais sofisticados exemplos, desenvolvesse algum bom gosto e, consequentemente, passasse a demandar cerveja de qualidade.

A cerveja brasileira (com pequenas e honrosas exceções) é como pão de forma: mata a sede, mas não satisfaz o paladar exigente. Para esclarecer a questão da má qualidade da cerveja brasileira, vamos fazer alguns cálculos.

A produção nacional de cevada tem ficado nos últimos anos entre 200 mil e 250 mil toneladas, das quais entre 60% e 80% são aproveitados pela indústria cervejeira. Essa produção agrícola tem sido suplementada por importação de quantidade equivalente. Em média, portanto, cerca de 400 mil toneladas de cevada são consumidas na indústria da cerveja no Brasil, presumindo-se que quase toda a importação tenha essa finalidade.
O índice de conversão entre a cevada e o álcool é, em média, de 220 litros por tonelada. Como as cervejas brasileiras têm um teor de álcool de 5%, podemos concluir que seria necessário que houvesse pelo menos seis vezes a quantidade de cevada hoje disponível para a indústria nacional da cerveja. Portanto, a menos que um fenômeno semelhante àquele do “milagre da multiplicação dos pães” esteja ocorrendo, o álcool proveniente da cevada na cerveja brasileira representa cerca de 15% do total.

Há pouco mais de duas décadas foi publicado um relatório de uma tradicional instituição científica do Estado de São Paulo segundo o qual análises de cervejas brasileiras mostravam que um pouco menos que 50% do conteúdo da bebida era proveniente de milho (obviamente sem considerar a água contida).Como o índice de conversão de grão em álcool para o milho é 80% maior que para a cevada, podemos considerar que a conclusão do relatório em questão atua como álibi, pois satisfaria normas vigentes. Isso também explica a preferência dos produtores de cerveja pelo milho, pois os preços da tonelada dos dois cereais são aproximadamente os mesmos, apesar de consideráveis oscilações.
Esses números permitem, todavia, concluir que o milho (e outros eventuais cereais que não a cevada) constitui, em peso, quase três quartos da matéria-prima da cerveja brasileira, revelando sua vocação para homogeneização e crescente vulgaridade. Outro determinante da baixa qualidade da cerveja brasileira é a adição de aditivos químicos para a conservação. O mal não está só nessa condição, mas na sua necessidade.
O lúpulo em cervejas de qualidade, sejam “lagers”, sejam “ales”, é o componente responsável pela conservação — além, obviamente, de suas qualidades de paladar.
Depreende-se daí que os concentrados de lúpulo usados na cerveja brasileira são de baixa qualidade.
O que é inexplicável e de lamentar, entretanto, é que as autoridades brasileiras, tão zelosas para com alimentos corriqueiros, sejam tão omissas quando se trata da bebida nacional mais popular e de maior consumo e permitam que o cidadão brasileiro beba gato por lebre.


Por: Rogério Cezar de Cerqueira Leite - 78, físico, é professor emérito da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), presidente do Conselho de Administração da ABTLuS (Associação Brasileira de Tecnologia de Luz Síncrotron) e membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo, de onde este artigo foi extraído.
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