30 dezembro, 2011

Cervejarias artesanais dos EUA se preparam para novo boom

As cervejarias artesanais americanas estão apostando alto em suas marcas de pequena circulação.

À medida que as vendas de cervejas artesanais estão corroendo cada vez mais a receita das grandes marcas americanas, dezenas de cervejarias regionais estão investindo milhões de dólares em novos equipamentos, tanques de fermentação e linhas de engarrafamento, enquanto outras estão comprando terrenos e construindo fábricas para atender à demanda.

Duas das maiores cervejarias artesanais do país, a Sierra Nevada Brewing Co., de Chico, na Califórnia, e a New Belgium Brewing Co., de Fort Collings, Colorado, têm uma participação combinada de menos de 1% do mercado americano, mas cada uma planeja investir pelo menos US$ 75 milhões no ano que vem em novas fábricas no leste americano para ampliar a abrangência de sua produção.

A atividade das cervejarias artesanais é um ponto positivo para uma economia americana que ainda batalha para reanimar o setor manufatureiro e a construção civil. O mercado de nicho também está indo contra a tendência das grandes cervejarias americanas, que tiveram em 2011 o terceiro ano consecutivo de queda no volume de vendas de barris de cerveja, segundo firmas que monitoram o setor.

"É como o Vale do Silício agora, ou Florença durante a Renascença", diz Jim Koch, presidente do conselho e fundador da Boston Beer Co., que fabrica a Samuel Adams e é a cervejaria artesanal mais importante dos Estados Unidos.

As vendas de cervejas artesanais dos EUA subiram 14% no primeiro semestre de 2011, para 5,1 milhões de barris, depois de subir 11% ano passado, o que abriu o caminho para elas obterem o índice de crescimento mais rápido desde 1996, segundo a Associação de Cervejarias do país. Sediada em Boulder, no Colorado, a associação do setor define as cervejarias artesanais como "pequenas, independentes e tradicionais" e contabiliza 1.740 delas até o fim de junho, com mais 725 no estágio de planejamento.

A Anheuser-Busch InBev NV, que fabrica a Budweiser, e a MillerCoors LLC, que fabrica a Miller e a Coors, têm juntas mais de 75% do mercado. Mas a dominância delas está diminuindo, já que as pessoas estão abandonando a cerveja do tipo "lager leve" e experimentando cervejas com sabor mais acentuado, como a India Pale Ale (IPA), fabricada por muitas microcervejarias locais.

A Boston Beer, que tem cerca de 1% da participação do mercado americano de cerveja, espera gastar pelo menos US$ 35 milhões com despesas de capital ano que vem em suas cervejarias nos Estados de Ohio, Pensilvânia e Massachusetts. O total de vendas da empresa subiu 6%, para 1,8 milhão de barris, nos primeiros nove meses de 2011.

Ken Grossman, fundador e dono da Sierra Nevada, espera definir nos próximos meses o local de sua cervejaria na costa leste americana, e começar a construir no meio do ano que vem. Dois possíveis Estados para a fábrica são a Carolina do Norte e a Virgínia, e o plano inicial é aumentar a capacidade anual em 300.000 barris, com financiamento bancário já garantido para a empreitada. A capacidade "ficará um pouco apertada" antes de a segunda fábrica ser concluída, diz Grossman, cuja cervejaria produziu cerca de 850.000 barris este ano, 8% a mais que em 2010, e está chegando rapidamente ao seu limite de 1 milhão de barris anuais.

A New Belgium, que fabrica a Fat Tire Amber Ale, também espera decidir em breve qual será o local na costa leste onde construirá uma cervejaria com capacidade para 300.000 barris anuais. Sua fábrica no Colorado vendeu cerca de 700.000 barris em 28 Estados americanos este ano. A segunda fábrica vai diminuir o custo com transporte e aliviar gargalos que causaram problemas na cervejaria de Fort Collins, diz Kim Jordan, cofundadora e diretora-presidente da empresa.

Mas algumas pessoas na indústria de cerveja questionam se as cervejarias artesanais voltarão à bolha vista nos anos 90, quando centenas delas abriram as portas e desfrutaram de rápido crescimento antes de uma desaceleração geral nas vendas.

"A torta não está crescendo o suficiente", diz David Peacock, presidente das operações americanas da Anheuser-Busch. "Algum tipo de crise certamente está por vir."

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