28 abril, 2011

Jovens empreendedores lucram com cervejas especiais

Misturar negócios e prazer pode parecer uma fórmula arriscada, especialmente quando há muito álcool envolvido na equação. Mas este é o caminho que está conduzindo jovens empreendedores brasileiros ao lucro.

São eles que, em parte, estão ajudando a impulsionar o avanço do mercado de cervejas especiais no Brasil. Estima-se que o segmento ainda represente uma modesta fatia de 5% do total das vendas de cerveja no Brasil – em algumas geografias do globo, ele chega a corresponder a mais de 15% das vendas. Mas este quadro começa a mudar com o surgimento de negócios voltados exclusivamente voltado a este filão.

Por trás de muitos deles, há uma história comum: jovens apaixonados por cerveja que tinham dificuldade para encontrar novos rótulos e explorar novos sabores no mercado brasileiro e decidiram transformar o hobby em receita.

É o caso dos amigos cariocas Fabiano Guedes, 30 anos, e Igor Cunha, 26 anos. “Gostamos de provar cervejas diferentes e estávamos sempre atrás de novidades. Mas achávamos poucas opções disponíveis no mercado e, quando encontrávamos, não havia informações sobre o produto na loja”, destaca Guedes.

De cervejeiros amadores nas horas vagas, eles decidiram abandonar seus empregos para investir a sério no negócio. Com um capital inicial de R$ 9 mil, criaram o Puro Malte, especializado na venda de cervejas especiais pela internet. Com mais de 500 produtos no catálogo, o site vende cervejas brasileiras artesanais e cervejas premium importadas.

No ar desde o final do não passado, a loja virtual já fatura cerca de R$ 60 mil por mês. A meta é encerrar o ano com receita mensal de mais de R$ 250 mil. “Há um interesse crescente do público brasileiro por este tipo de produto. Diversos bares e restaurantes estão nos procurando para incluí-los no cardápio”, destaca o empreendedor.

O site recebe pedidos de todos o Brasil, o que demonstra que, mesmo com a barreira do frete, há uma reprimida demanda. “Recebemos um pedido de Manaus cujo frete saiu por R$ 70. É caro, mas como o produto não chega lá, o cliente está disposto a pagar”, justifica o Guedes.

A constatação é reforçada pelo caso de sucesso da rede Mr. Beer. A marca foi criada pelo empreendedor Rodolfo Alves, de 29 anos, em meados de 2009. O projeto nasceu como uma pequena loja no Shopping Ibirapuera, mas logo se tornaria uma franquia com 19 unidades em operação e mais uma prestes a ser inaugurada.

Outros shoppings manifestaram interesse em ter a loja e amigos e familiares queriam copiar o modelo. A operação é simples e tem um apelo muito grande”, resume Alves. O investimento para montar um quiosque com a marca é de R$ 110 mil. O faturamento estimado por unidade é de R$ 25 mil a R$ 30 mil por mês, com margem de lucro de 10%, em média.

Com a expansão via franquias, a rede já chegou a estados como Paraná, Distrito Federal e Rio de Janeiro. Outras 10 lojas devem ser inauguradas em diferentes localidades até o final do ano. “O Mr. Beer surgiu como um hobby, mas percebemos que não era só uma necessidade nossa”, conta Alves, que adquiriu o gosto pelas cervejas especiais durante o tempo em que viveu na Alemanha. A marca, que encerrou o último ano com faturamento de R$ 2 milhões, deve chegar a R$ 6 milhões de receita neste ano.

Para Alves, a tendência chegou para ficar. “Antigamente você falava de cerveja belga e ninguém conhecia, ninguém sabia que tinha no Brasil. Isso está mudando, as pessoas estão cada vez mais interessadas em conhecer e experimentar as cervejas premium”, conclui.


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