24 agosto, 2011

The Great British Beer Festival 2011

Aconteceu de 2 a 6 de agosto a quadragésima edição do Great British Beer Festival (GBBF) em Earl’s Court, um pavilhão gigantesco no centro de Londres. Murilo Foltran da Cervejaria DUM esteve lá no dia 6, escreveu para o blog Viva a Revolução e cedeu o texto para o All Beers. Obrigado Murilo e Viva a Revolução!

O evento é organizado pela Campaing for Real Ale (CAMRA), uma associação britânica que defende a cerveja feita nos moldes antigos ingleses. Ela também completa 40 anos este ano.

Fundada em 1971, a CAMRA, procura valorizar as cervejas inglesas, tanto o modo de produção quanto o serviço. As lagers de grandes cervejarias estavam tomando o terreno com suas cervejas sem graça e sem vida, mais ou menos como acontece no resto do mundo. Foi aí que eles deram o seu grito de revolução.

Bom, voltando ao evento, ele é gigante. Foram 121 cervejas britânicas em casks, o modo que a CAMRA regula como a Real Ale deve ser servida, 32 cervejas em garrafas, mais de 100 cervejas estrangeiras (EUA, Dinamarca, Alemanha, República Tcheca, Bélgica, Nova Zelândia, entre outros) e 77 cidras, sim cidras! Elas são bem comuns no Reino Unido e tem grande aceitação entre as mulheres.

Assim havia bastante espaço para circular e procurar sua próxima cerveja para ser degustada. Earl’s Court é um espaço bem grande, comparável ao espaço que se tem na Vila Germânica em Blumenau. Com uma estação de metrô exatamente do outro lado da rua e com um público bem menor que a maior Oktoberfest do Vale do Itajaí.

Muitas e muitas comidas: inglesa, alemã, indiana, tailandesa, enfim, para todos os gostos. Grandes stands vendendo todo o tipo de coisas sobre cerveja, desde livros, passando pelas toalhas clássicas de pubs, copos de todos os tipos, cartazes, camisetas, dentre outras bugigangas cervejeiras.

Havia três opções de pedir cerveja: 1/3 pint, ½ pint ou um pint cheio. Você podia comprar um copo na entrada por £3, havia três opções: pint, ½ pint e uma taça (para as cidras). Na saída era possível pegar seu dinheiro de volta ao devolver o copo. Eu comprei todos os tipos quando acabou o Festival, pontualmente às 19 horas, nem um minuto a mais, nos autofalantes era anunciado: The beer is over, see you next year. (A cerveja acabou, nos vemos no ano que vem).

Eu fiquei um tanto decepcionado, porque como só pude ir no último dia, e mesmo que a maioria das cervejas estrangeiras ainda estivessem disponíveis, muitas das cervejas inglesas tradicionais já haviam acabado. Conversando com outras pessoas que estavam na feira, descobri que esse “fim” precipitado das cervejas neste ano foi fora do comum. Geralmente a grande maioria das cervejas ainda estaria disponível, mas a crise está afetando o mercado britânico.

Haviam vários cartazes da CAMRA alertando que cerca de £1 de cada pint bebido vai pra impostos, pouco mais de 30% do preço de um pint no pub. Os pubs também estão morrendo aos poucos por conta desses impostos e da diminuiação do poder aquisitivo do povo britânico. A crise realmente chegou na terra da Rainha e o desemprego é grande. Tal como no mundo todo. Uma outra propaganda no festival alertava que os britânicos pagavam mais que o dobro de impostos que os franceses na cerveja e convocação às pessoas que enviassem emails para os políticos afim de que os impostos sobre a cerveja fossem baixados, uma forma bem humorada de tentar cativar o povo inglês.

Uma coisa que me entristeceu foi o veto pela CAMRA a participação da BrewDog no festival. Eles alegaram alguns motivos um tanto “bestas” na minha humilde opinião, como por exemplo: a cerveja da BrewDog não continha, pelo menos, 0.1 milhão de células vivas de levedura por mililitro de cerveja, a cerveja embarrilhada em kegs e não em casks o que dificultaria o serviço, dentre outras coisas.


Você pode conferir mais dessa história aqui.

Na minha opinião, isso se chama ciúmes por conta da excelente qualidade da cerveja que os escoceses estão fazendo. Também não vi outra famosa cervejaria escocesa, a Harviestoun. Talvez já tivesse acabado quando cheguei.

Mas, entre mortos e feridos, gostaria muito que tivéssemos no Brasil algo como os bretões tem. Um festival de verdade, com cervejas de todo o Reino e de outros países. Muito bem organizado, num lugar preparado pra receber o grande número de pessoas, com voluntários (sim todos que trabalhavam no festival eram voluntários) bem preparados para atender o público.

Não tenho dúvida, que teremos sim um festival desse porte dentro de menos de 5 anos, como bem disse o Randy Mosher na sua palestra em Floripa neste ano. O Festival Nacional da Cerveja em Blumenau tem tudo pra se transformar nisso, o lugar é grande, bem organizado e com toda estrutura necessária. Além disso, para um festival de sucesso desse porte precisamos de muitas microcervejarias e homebrewers em todo o país fazendo boas cervejas. Sendo assim, Viva La Revolucion!
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