20 junho, 2017

Camilla Demario - Coluna 01: Polêmica: gostamos!


Não posso dizer que lembro da primeira cerveja artesanal que tomei. Pode ter sido uma Erdinger, pode ter sido uma “índia” na Devassa. Em 2013, experimentei uma cerveja com banana no rótulo. Falei tanto que no ano seguinte, no meu aniversário, um amigo rodou São Paulo em busca da tal, não encontrou e acabou trazendo uma long neck de Heineken enrolada em papel filme com a banana ao lado. E a gente achando que a cerveja era feita de banana!

Em 2015, conquistei o emprego dos sonhos: escrever sobre cerveja, para a revista WBeer. Imagina, ser paga para beber cerveja no trabalho? A primeira tarefa foi escrever sobre dois rótulos da Le Trou du Diable, cervejaria canadense. Nunca tinha visto as cervejas, nunca ouvi falar da cervejaria e não tinha ideia do que era uma Saison ou uma Tripel.

Sem saber por onde começar, fui até o Delirium Café São Paulo e de cara me deram um cardápio com mais de 40 páginas. Olha só, não é que tem uma Le Trou du Diable aqui? Na hora levantei a mão e pedi para o garçom. Ainda bem que ele demorou para encontrar: aquela cerveja de 330 ml custava quase 200 reais. Não, obrigada, pode ver essa cerveja de chocolate aqui mesmo.

De lá para cá, foram muitos reais bebidos e bem vividos. Muitos viraram arrependimento com o tempo: eu não estava pronta para degustar algo tão raro, algo tão caro ou algo tão bom. Demorei um pouco para aprender, mas com artesanal não tem saideira. Existe começo, meio e fim. E se programar, planejar o que você vai consumir, acredite, é uma das partes mais legais.

De lá para cá, me formei sommelière pelo Instituto da Cerveja Brasil e fiz lá também o curso de Análise Sensorial e Off-Flavours. Trabalhei tirando chope no Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau e para a obra-restaurante da Bienal de São Paulo 2016. Até grupo de corrida saindo de bar eu encontrei.

Ok, a verdade é que não sei fazer cerveja e insisto em ensinar meu nariz que semente de coentro tem cheiro, mas adoro uma boa discussão, com ou sem polêmica, sempre ouvindo os dois lados, olhando nos olhos, sem tapinhas nas costas. Senta, pega um copo e que esse espaço seja a nossa mesa de bar.

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